Mais sobre os fogos em Portugal e como combatê-los com eficácia
Considero pessoalmente que deve existir uma visão 360 graus à abordagem do combate aos incêndios, para que Portugal não seja todos os anos palco de intermináveis incêndios, que destroem riqueza e vidas da população.
E culpo principalmente os políticos e os sucessivos governos de Portugal pela falta de visão e completa inacção ou o tomar de medidas ridículas como no passado, que em nada mudam este cenário de devastação e morte.
A minha opinião, consolidada por muitos anos de ver Portugal a arder, são sobretudo uma visão de que a prevenção eficaz é crucial para combater os incêndios florestais em Portugal.
A inclusão de tecnologias integradas, combinada com uma resposta rápida e coordenada dos bombeiros, pode fazer uma grande diferença na redução da ocorrência e gravidade dos incêndios. Portugal enfrenta um desafio contínuo com os incêndios florestais, especialmente durante os meses de verão, e há muito que pode ser feito para prevenir e controlar os incêndios de forma mais eficaz.
Aqui estão algumas abordagens que poderiam ser implementadas para melhorar a prevenção e a resposta imediata:
1. Sistemas de Monitorização e Detecção Precoce
Drones e Satélites: O uso de drones equipados com câmaras térmicas e satélites pode ajudar a monitorizar vastas áreas florestais em tempo real. Estes dispositivos podem identificar focos de calor que indicam o início de um incêndio, mesmo em áreas remotas, antes que os incêndios se tornem incontroláveis.
Sensores no Terreno: A instalação de sensores de temperatura, humidade e detectores de fumo em áreas de risco elevado pode fornecer dados contínuos para sistemas de alerta precoce. Estes sensores podem ser ligados a redes de comunicação para enviar alertas imediatos às autoridades locais, permitindo que os bombeiros cheguem ao local antes que o fogo se propague.
Imagem de Satélite de Alta Resolução: O uso de imagens de satélite com alta frequência e resolução pode permitir uma monitorização eficaz de grandes áreas florestais e a detecção de anomalias térmicas. Além disso, tecnologias de satélite podem ajudar a prever condições meteorológicas que aumentam o risco de incêndios.
2. Sistemas de Alerta Precoce e Inteligência Artificial
IA para Previsão de Riscos: Sistemas de inteligência artificial (IA) podem ser usados para analisar dados meteorológicos, geográficos e históricos de incêndios, identificando padrões de risco elevado e prevendo com antecedência onde os incêndios têm maior probabilidade de ocorrer. Este tipo de análise preditiva pode permitir que os bombeiros e outras autoridades sejam mobilizados para áreas específicas antes do início dos incêndios.
Plataformas Integradas de Alerta: Implementar um sistema nacional de alerta precoce, integrado com redes de comunicação de emergência, que notifique as autoridades locais e os bombeiros imediatamente quando um incêndio for detectado. O sistema pode ser programado para enviar mensagens automáticas ou notificações via SMS para as equipas de resposta e a população.
3. Gestão Proactiva de Território e Limpeza
Manutenção e Limpeza de Florestas: A criação de corredores de segurança e a limpeza regular das áreas florestais com maior risco de incêndio são medidas fundamentais. Estas faixas de contenção ajudam a reduzir a quantidade de combustível disponível para os incêndios e retardam a sua propagação.
Agricultura Sustentável e Pastorícia: A promoção de práticas agrícolas e de pastorícia sustentável nas áreas rurais pode ajudar a manter o mato sob controlo. O uso de gado para pastagem controlada em áreas florestais pode reduzir o acúmulo de vegetação seca que serve como combustível para os incêndios.
4. Coordenação e Mobilização Rápida dos Bombeiros
Forças de Intervenção Rápida: A criação de equipes de bombeiros móveis e ágeis que possam ser rapidamente destacadas para áreas de risco elevado é fundamental. Essas equipas devem estar preparadas para se deslocarem imediatamente para o local assim que um alerta for recebido. A utilização de veículos e helicópteros rápidos para combater focos iniciais pode impedir que os incêndios ganhem proporções descontroladas.
Apoio Tecnológico no Combate: Equipar os bombeiros com tecnologias de monitorização em tempo real, como tablets ou sistemas de GPS integrados, pode ajudar as equipas no terreno a identificar focos de incêndio e agir de forma mais coordenada e eficiente.
5. Educação e Sensibilização
Campanhas Educativas de Prevenção: A educação é uma das melhores formas de prevenir incêndios. Campanhas de sensibilização para o público sobre o risco de incêndios, a importância de evitar queimadas e fogueiras em condições de alto risco, e as acções a tomar em caso de incêndio são essenciais para reduzir a negligência humana.
Participação Comunitária: Envolver as comunidades locais na prevenção de incêndios pode fazer uma grande diferença. A formação de brigadas de vigilância locais, compostas por voluntários treinados, pode ajudar a monitorizar e relatar focos de incêndio antes que se tornem incontroláveis.
6. Inovação Tecnológica e Colaboração Internacional
Parcerias com Empresas Tecnológicas: Investir em colaboração com empresas tecnológicas e centros de investigação pode ajudar a desenvolver novas soluções, como algoritmos de previsão de incêndios, novas técnicas de combate e tecnologias de comunicação avançadas.
Colaboração Internacional: Aprender com os países que enfrentam desafios semelhantes, como a Espanha e a Austrália, pode ajudar Portugal a desenvolver estratégias mais eficazes. A partilha de tecnologias, conhecimento e boas práticas pode acelerar a implementação de soluções inovadoras.
7. Monitorização de Actividades Suspeitas
Vigilância e Investigação de Fogo Posto: A implementação de câmaras de vigilância em áreas de risco, especialmente em regiões propensas a actos de fogo posto, pode ajudar a identificar e deter indivíduos envolvidos em actividades suspeitas. Sistemas automáticos de detecção de movimento e calor também podem ser utilizados para ajudar a monitorizar áreas remotas.
Conclusão:
Prevenção Integrada e Resposta Rápida
A prevenção eficaz dos incêndios florestais em Portugal exige uma abordagem multidimensional que combine tecnologia, gestão florestal activa e uma resposta coordenada. A inclusão de tecnologias de monitorização e análise de dados em tempo real, juntamente com um sistema de alerta precoce e equipas de intervenção rápida, pode ajudar a minimizar o impacto dos incêndios, permitindo que os bombeiros cheguem ao local antes que o fogo se propague descontroladamente.
Investir em prevenção é, sem dúvida, o melhor caminho, pois não só evita a perda de vidas e bens, como também reduz o impacto ecológico e económico dos incêndios em Portugal.
Francisco Gonçalves in 21 Sept 2024
email: francis.goncalves@gmail.com
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