A Europa em uma rota de destruição e guerra

 A Europa, em minha opinião está perante um cenário preocupante, que combina desafios geopolíticos


emergentes com a necessidade urgente de uma Europa mais forte, coesa e preparada. Vamos explorar alguns dos temas centrais e os desafios que tem pela frente :


1. A Europa e a Necessidade de Reforçar a Defesa

Timidez no apoio à Ucrânia:

  • Embora a União Europeia e os países da NATO tenham fornecido ajuda significativa à Ucrânia, essa resposta tem sido marcada por hesitação inicial e atrasos, especialmente em áreas sensíveis como fornecimento de armamento pesado e tecnologias avançadas.
  • Muitos países da UE enfrentam restrições internas — seja por orçamentos limitados, falta de consenso político ou receio de escalada directa com a Rússia.

Preparação militar insuficiente:

  • Após décadas de redução dos orçamentos militares no pós-Guerra Fria, a Europa viu-se numa posição vulnerável quando a Rússia iniciou a invasão da Ucrânia.
  • Apesar de aumentos recentes nos investimentos em defesa (como o compromisso da Alemanha com o fundo de 100 mil milhões de euros), a capacidade de resposta rápida e eficaz ainda está aquém do necessário.

A importância de uma "paz armada":

  • A frase "para viver em paz, terá que estar bem preparada para a guerra" resume bem a necessidade de dissuasão.
  • Uma Europa mais armada e integrada militarmente seria um obstáculo real para qualquer adversário, incluindo a Rússia de Putin. A coerência estratégica é vital para projectar força e evitar agressões futuras.

2. Geopolítica Global: O Crescimento das Potências Belicistas

A Rússia e sua estratégia expansionista:

  • A Rússia de Putin tem um claro objectivo de reconstituir parte da influência territorial perdida após o colapso da URSS.
  • A invasão da Ucrânia demonstra a disposição de usar força militar directa para atingir seus objectivos, ignorando regras internacionais.

Alianças perigosas:

  • A aproximação entre Rússia, Coreia do Norte, Irão e, em certa medida, a China, sinaliza uma aliança anti-Ocidente.
  • Enquanto a Coreia do Norte fornece mísseis e drones à Rússia, e o Irão envia armamento, a China observa, avalia e reforça suas capacidades militares, mantendo o foco em Taiwan como possível próxima crise.

A crescente militarização global:

  • Estas nações têm investido fortemente em armamentos modernos, enquanto muitas democracias ocidentais hesitaram em fortalecer suas defesas, confiando excessivamente em alianças como a NATO e nos EUA.

3. A NATO e o Papel dos EUA: A Era de Trump

Riscos de uma NATO enfraquecida:

  • Sob uma possível nova presidência de Trump, a NATO pode enfrentar dificuldades. Trump já criticou publicamente os aliados por não cumprirem as metas de gastos com defesa e ameaçou reduzir o apoio dos EUA à aliança.
  • Sem a liderança clara dos EUA, a NATO teria de se reorganizar rapidamente, com a Europa assumindo um papel central.

A urgência de alianças alternativas:

  • A Europa precisa expandir e reforçar alianças estratégicas, não apenas com membros da NATO,

    mas também com democracias como o Japão, Austrália, Canadá e Índia.
  • Estas parcerias podem actuar como contrapeso ao poder crescente de blocos autoritários.

4. O Risco de Desagregação da UE

A crise da coesão europeia:

  • A guerra na Ucrânia revelou as divergências internas da UE, com países como Hungria e Polónia adoptando posturas menos alinhadas com o resto do bloco.
  • A ausência de uma política externa e de defesa comum eficaz enfraquece a capacidade da UE de agir de forma unida.

Consequências de uma guerra prolongada:

  • Se a guerra na Ucrânia se prolongar ou se expandir, isso pode colocar pressão adicional sobre a unidade da UE, com consequências económicas e sociais que podem aumentar o risco de fragmentação política.

O paralelismo histórico:

  • A sua observação sobre a repetição da história é pertinente. A falta de preparação e resposta coordenada durante o período entre guerras no século XX resultou em tragédias que ainda ecoam na memória europeia.
  • Repetir esses erros num contexto moderno, onde as consequências podem ser ainda mais devastadoras, seria desastroso.

5. Caminhos para uma Europa Mais Forte e Resiliente

  1. Reforço da autonomia estratégica:

    • A Europa deve aumentar sua capacidade de defesa independente, investindo em tecnologia, força militar e uma política externa coordenada.
  2. Aumento do orçamento militar:

    • Cumprir e, idealmente, superar a meta de 2% do PIB para defesa em todos os países da NATO. Isso fortaleceria a dissuasão e reduziria a dependência dos EUA.
  3. Alianças globais mais fortes:

    • Estabelecer uma cooperação mais robusta com democracias asiáticas e oceânicas, criando um bloco global capaz de responder a ameaças autoritárias.
  4. Integração militar europeia:

    • Desenvolver uma força de defesa europeia integrada, que complemente a NATO, mas que seja capaz de operar autonomamente quando necessário.
  5. Preparação tecnológica e cibernética:

    • Investir em defesas cibernéticas para proteger infraestruturas críticas e garantir a soberania digital.
  6. Solidariedade e unidade política:

    • Reforçar os valores democráticos dentro da UE, combatendo tendências autoritárias internas e promovendo a coesão entre os estados-membros.

6. Conclusão

A Europa enfrenta um momento crítico, onde hesitações ou falta de acção podem resultar em consequências desastrosas. O fortalecimento da defesa, a união política e as alianças globais são essenciais para enfrentar a ameaça representada pela Rússia, seus aliados e outros regimes autoritários em ascensão.

Se a UE deseja preservar a paz, a democracia e a prosperidade que construiu desde a Segunda Guerra Mundial, deve agir rapidamente, com determinação e visão estratégica, antes que o tempo e a história sigam um rumo mais sombrio.

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